quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O ultimo dia do soldado arrependido.


                                                               Augusto Garcia

Só depois do que fiz entendi,
Só depois do que lhe fiz eu compreendi,

Quando infringi a lamina de minha lança no seu ventre é que entendi.
Foi quando senti tua carne sendo rasgada,  seu sangue jorrando sobre mim é que vi.

Vi o porquê de tu lutares, matares, morreres.
Vi o porquê de tua raiva, tua determinação.

Lutaste por liberdade, algo que nunca fiz.
Lutaste por um coletivo, não de generais.
Não de gaúchos, nem por uma república míope, ou um império intransigente e covarde.

Lutaste por ti, tua família, teus irmãos, teus companheiros.
Lutaste por ser livre e só!
Lutaste e lutaste!

Mas por que lutei, porque lhe matei?
Por qual pátria me alistei, por qual rei?

Será que foi arranjo, negocio de negociantes?
Abati o efetivo em excesso?

Não importa companheiro, eu já lhe matei,
E deste então eu não sei o porquê de tudo o que fiz.
E hoje eu decidi juntar-me a ti.
Hoje eu decidi por um fim no que fiz,
No semblante de teu rosto moreno.

Até logo companheiro! 

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