sábado, 6 de dezembro de 2014

Maturidade

Maturidade
Guto Garcia

Hoje estou sobre minha cama de colchão forrado por mais de mil decepções.
Sento nu e sinto o golpe gelado de infinitos arrepios,
E neste cenário bucólico, penso nas centenas de léguas de solidão e saudade,
Vejo em mim o pior se aproximando, as rugas, a canseira, a dor na coluna.
Minha idade ainda é tenra, mas minha alma é velha e ranzinza, até um pouco vingativa.
Minhas lastimas até nem foram muitas nem definitivas, mas suficientes por me deixar mais duro, incrédulo.

Hoje voo raso, mas suave e discreto,
Minhas assas e penas não se mostraram longas como pensei um dia,
E minha suposta liberdade é na realidade uma ofensa.
Pois por mim mesmo demonstrei se incapaz,
Julguei-me e perdi, e por isso me refugio do julgamento de outros.

De minha valentia de infante, substitui pela covardia dada pela responsabilidade,
Hoje sou covarde, tímido e conveniente, defeitos construídos pela maturidade.

E sobre estas léguas e léguas de solidão e saudade percorro para meu exílio,
E neste exilo tento me refugiar do concreto, mas cada passo é dele que me aproximo.
Do solido, do absoluto, do real.

E como um tapa no rosto, surgem mais marcas, de rugas, de canseira, de dor na coluna...

terça-feira, 30 de julho de 2013

Sobre minha morte.


                               Augusto Garcia

Sobre minha potencial morte surge uma impassível sensação de amargor.
Sobre o negro azul de minha alma, que se distingue ao branco de meus olhos,
Sinto o não mais doloso vazio.

E mesmo com a falha descarada dos homens santos
Dou único passo que precede o pulo.
Vejo derrubar a mitologia de minha civilização, e pago o preço.

Não posso mais reaver meu lugar, pois do pulo não há retorno.
Chocado andava com passos tortos, mas agora engulo a seco minha senhora morta.
E quando sucumbo, vejo o quanto o homem de branco é infiel, pois,
Sua carne é tão podre quanto a minha, e sua dor é tão forte como a minha.

E com o ultimo lamento tolo que dou, grito, pois mais nada resta, mais nada temo.
E com o ultimo achado, vejo um novo mundo.
Não a resposta, não há nada que conheça, não há lugar, NÃO HÁ!

Neste mundo o que vejo é só o mundo novo.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A noite.



                               Augusto Garcia

A madrugada que tem muito tempo,
A madrugada que não morre,
A madrugada que me agride com o vento
O vento que uiva forte, tão forte que rasga a carne.

A madrugada que tem nada,
A madrugada que é viúva,
Mas é madrugada que tem graça.
Como uma boa viúva.

A madrugada de se cala,
Se cala para não ser notada,
Para não perde a graça.

Tão vadia é a madrugada,
Sempre tão cala, sempre tão safada.

Será que a madrugada que tem nada,
Ou Será a madrugada uma boa safada?

Sempre tão gelada,
Sempre tão escura,
Sempre tão inclusa,
Nem sempre tão disposta,

Mas como uma boa puta,
Sempre charmosa.
Mas para mim, sempre pura, sempre desabitada.

O ultimo dia do soldado arrependido.


                                                               Augusto Garcia

Só depois do que fiz entendi,
Só depois do que lhe fiz eu compreendi,

Quando infringi a lamina de minha lança no seu ventre é que entendi.
Foi quando senti tua carne sendo rasgada,  seu sangue jorrando sobre mim é que vi.

Vi o porquê de tu lutares, matares, morreres.
Vi o porquê de tua raiva, tua determinação.

Lutaste por liberdade, algo que nunca fiz.
Lutaste por um coletivo, não de generais.
Não de gaúchos, nem por uma república míope, ou um império intransigente e covarde.

Lutaste por ti, tua família, teus irmãos, teus companheiros.
Lutaste por ser livre e só!
Lutaste e lutaste!

Mas por que lutei, porque lhe matei?
Por qual pátria me alistei, por qual rei?

Será que foi arranjo, negocio de negociantes?
Abati o efetivo em excesso?

Não importa companheiro, eu já lhe matei,
E deste então eu não sei o porquê de tudo o que fiz.
E hoje eu decidi juntar-me a ti.
Hoje eu decidi por um fim no que fiz,
No semblante de teu rosto moreno.

Até logo companheiro! 

terça-feira, 27 de março de 2012

é eu sei...

...faz faz tempo que não escrevo nada aqui, mas isso não chega a ser um problema por que ninguem vem até aquir ler mesmo, ah, mas você veio! meus parabéns! então eu tenho um comunidado a te fazer, escrevi um conto, se chama "Morte e Vida de Pedro Casablanca", caso tu queira ler me avisa que eu te mando, ou melhor, deixa o teu email nos comentarios.

um abraço pra quem fica.