quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A noite.



                               Augusto Garcia

A madrugada que tem muito tempo,
A madrugada que não morre,
A madrugada que me agride com o vento
O vento que uiva forte, tão forte que rasga a carne.

A madrugada que tem nada,
A madrugada que é viúva,
Mas é madrugada que tem graça.
Como uma boa viúva.

A madrugada de se cala,
Se cala para não ser notada,
Para não perde a graça.

Tão vadia é a madrugada,
Sempre tão cala, sempre tão safada.

Será que a madrugada que tem nada,
Ou Será a madrugada uma boa safada?

Sempre tão gelada,
Sempre tão escura,
Sempre tão inclusa,
Nem sempre tão disposta,

Mas como uma boa puta,
Sempre charmosa.
Mas para mim, sempre pura, sempre desabitada.

O ultimo dia do soldado arrependido.


                                                               Augusto Garcia

Só depois do que fiz entendi,
Só depois do que lhe fiz eu compreendi,

Quando infringi a lamina de minha lança no seu ventre é que entendi.
Foi quando senti tua carne sendo rasgada,  seu sangue jorrando sobre mim é que vi.

Vi o porquê de tu lutares, matares, morreres.
Vi o porquê de tua raiva, tua determinação.

Lutaste por liberdade, algo que nunca fiz.
Lutaste por um coletivo, não de generais.
Não de gaúchos, nem por uma república míope, ou um império intransigente e covarde.

Lutaste por ti, tua família, teus irmãos, teus companheiros.
Lutaste por ser livre e só!
Lutaste e lutaste!

Mas por que lutei, porque lhe matei?
Por qual pátria me alistei, por qual rei?

Será que foi arranjo, negocio de negociantes?
Abati o efetivo em excesso?

Não importa companheiro, eu já lhe matei,
E deste então eu não sei o porquê de tudo o que fiz.
E hoje eu decidi juntar-me a ti.
Hoje eu decidi por um fim no que fiz,
No semblante de teu rosto moreno.

Até logo companheiro!